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Nilo bate e Leão e diz que perdeu a admiração por Jaques Wagner
O deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, disse que na sexta-feira (21/03), logo depois do anúncio oficial feito pelo governador Jaques Wagner, sobre a escolha do nome do deputado federal João Leão (PP), para compor a chapa majoritária governista, na condição de pré-candidato a vice-governador, ele preferiu não dar entrevistas, “porque estava de cabeça quente”. Na segunda-feira Nilo almoça com o presidente estadual do PDT, deputado federal Féliz Mendonça Júnior, à tarde recebe os deputados do partido em seu gabinete e na terça feira estará ao lado dos parlamentares pedetistas, em Brasília, se reunindo com o presidente nacional do partido, Carlos Lupi para a tomada de uma decisão política. Na manhã do último sábado, por telefone, direto de sua residência em Salvador, ele nos concedeu entrevista exclusiva, através da Rádio 93 FM, cujos tópicos principais transcrevemos a seguir:
Inviabilidade da candidatura a governador
- Me preparei para ser candidato ao governo. No ano de 2013 concedi 1351 entrevistas, visitei 204 municípios. Não viabilizei a minha candidatura porque o meu marqueteiro disse: você só cresce se bater no governo Jaques Wagner. Se defender o governo vai ficar entre 8% e 9%. Porque quando você defende o governo, toda a Bahia sabe que o candidato dele é Rui Costa. Se não tocar no nome dele [Jaques Wagner], se não criticar nem elogiar, vai atingir 15%. Se criticar passa dos 20%. Então eu tomei a decisão política de defender porque eu acreditava no seu projeto, sempre fui aliado às forças progressistas da Bahia. Infelizmente, a condução do processo não foi aquele que eu imaginava.
Perdi a admiração política por JW
- Eu soube que o candidato a vice seria João Leão pelos jornais. Realmente, não tenho mais nenhuma relação política com o governador JW. Perdi a admiração política que tinha por ele. Em minha visão, ele não foi uma pessoa que me considerou, não considerou o presidente da Assembleia Legislativa baiana, não considerou alguém que foi muito leal a ele. Se Rui Costa foi leal a ele, tenha certeza, empatou comigo.
Amizade pessoal
- Minha amizade pessoal com o governador Jaques Wagner continua a mesma, se ele quiser. Mas, política não. Sou autêntico, falo o que o meu coração quer. Não tenho mais admiração política, porque, na minha visão, não houve consideração, volto a afirmar.
Lealdade
- Todos sabem que eu coloquei o Exército para tirar os policiais da Assembleia, para acabar a greve; todo mundo sabe que eu tirei os professores para acabar a greve; enfrentei os deputados de oposição, tudo isso a pedidodo governador. Então, ninguém foi tão leal a ele. No fundo eu gostaria de ser deputado estadual e não vice-governador. Fui para uma missão partidária, após não viabilizar a minha candidatura a governador. Infelizmente o processo não foi com correção. Se ele tivesse me chamado a 30, 60 dias atrás e dissesse que ia dar a vice ao PP, porque se não fosse assim eles mudariam de lado e você sabe que o PP está com Eduardo Campos [em nível nacional], um tipo de chantagem, não teria problema nenhum. Mas, toda vez que eu queria desistir ele me incentivava. Tenho mensagem no celular, ele me incentivando, dizendo que as coisas estavam andando bem, que eu ficasse tranquilo, que conversou com Lupi [presidente nacional do PDT] e que estava trabalhando muito. Então acho que não foi uma consideração ao cidadão que tem uma história, ao deputado, ao amigo, preferiu me levar com a barriga, para valorizar a vice, como se eu fosse “boi de piranha”. Acho que a condução não foi correta, não foi decente, não foi respeitosa.
Caminho a seguir
- Agora estou livre para fazer o que o meu coração quiser. É óbvio que eu tenho que ter muita paciência, muita tranquilidade. Você não pode fazer política com o fígado, você tem que fazer com a razão, com o coração, tenho um partido que me apoiou e tenho amigos, 51 prefeitos que me ajudam votado em 406 municípios, tenho história, tenho nome. Sou candidato a deputado estadual [alguns sugeriram que fosse a deputado federal] e vou trabalhar com a mesma “tesão” de quando me elegi em 1990, a 24 anos atrás.
Manifestações recebidas
- Nunca recebi em minha vida tantos telefonemas, de desembargadores, conselheiros, advogados, intelectuais, prefeitos, de pessoas da sociedade que nem conheço, tive inclusive que desligar o telefone na sexta-feira diante de tantas manifestações de solidariedade. Uns dizendo que foi muita ingratidão outros que foi bom para mim. Como sou um homem feliz, abençoado pelos deuses, durmo tranquilo, não tomei calmante, porque tenho a consciência do dever cumprido, afinal de contas, o povo é quem vai julgar. Uma coisa eu digo, ninguém no PT foi tão leal ao governador Jaques Wagner, quanto Marcelo Nilo. Fui desconsiderado e perdi totalmente a consideração por ele. Considero Rui Costa um homem sério, decente, será um grande candidato, se for governador, será melhor que Jaques Wagner, em termos de administração, em termos de política. Minha decisão pessoal anunciarei depois da Copa do Mundo.
Convites da oposição
- Fui considerado por incrível que pareça pela oposição. Você imagine que o PDT a dois anos atrás disse que iria apoiar ACM Neto para prefeito de Salvador e eu disse que não aceitava de jeito nenhum e que sairia do partido. Dois anos depois recebi telefonemas de Geddel Vieira Lima (PMDB), Lídice da Matta (PSB) e do presidente do DEM, deputado Paulo Azi, todos querendo conversar comigo dizendo que tinha vaga na chapa majoritária. A força política a oposição me deu, o governo não, preferiu considerar que Marcelo é bonzinho, é nosso… O governador anunciou a chapa e nem passou uma mensagem, um telefonema dizendo, vai ser Leão. Tomei café com ele (Jaques Wagner) na quarta e ele disse, nada definido. Não adianta ficar chorando o leite derramado…
Opção por  João Leão
- O Leão é aquele homem que dizia vai ter buraco zero;  que dizia, prá semana o metrô funciona; dizia que criou, inventou o PAC nacional; sou o pai da FIOL, fui eu que criei, inventei. Foi esse o homem que ele preferiu como vice. É um cara carismático, gente muito boa, amigão, correto, bom deputado. A chapa hoje tem dois ex-carlistas, um é Otto, ex-senador da República, um dos homens mais sérios que conheci na vida o outro é Leão. Então, os carlistas estão na nossa chapa. Sonhamos a vida toda em derrotar o carlismo e hoje a chapa do governo do estado tem mais carlista, do que autêntico. Essa semana a convite do amigo Benito Gama, fui ao apoio do PTB, na mesa com 12 pessoas, 11 eram ex-carlistas.  Todos estão com o governo Jaques Wagner, não to criticando não, to relatando um fato. César Borges, Benito Gama, Jonival Lucas, meu querido amigo Zé Rocha, Otto, João Carlos Bacelar… Talvez a vida nos leva até para isso, o governador sabe o que faz, talvez ele esteja certo, não posso deixar de reconhecer que nesse processo ele nunca me prometeu nada, nunca me garantiu nada, apenas me incentivava. Vou comer sal, comer poeira para tentar a minha reeleição…Do Jequié Repórter

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