O jeito simples revela a origem rural e indica o seu grau de humildade no cumprimento de uma missão nobre: auxiliar o nascimento de seres humanos. Suas mãos acolhem vidas. Foram mais de mil em quase meio século de atividade bem sucedida e inteiramente voluntária. Nunca cobrou pelos partos e teve como recompensa ver pessoas saudáveis auxiliando outros seres humanos. Dona Ana da Conceição dos Santos Santana, 72 anos, moradora da Rua do Honório, exercendo a atividade de parteira prestou relevantes serviços ao município de Ipiaú. Ela é remanescente de um grupo que reunia outras valorosas criaturas como Maria Saião, Ambrozina, Angelina e Joaninha, dentre tantas que atuavam nesta região. O trabalho exigia esforço físico, longas jornadas, percorrendo léguas, montadas em animais ou em caminhadas noturnas. Substituíam médicos e enfermeiras, utilizando plantas medicinais, simpatias e orações, buscando na fé uma razão para que o trabalho de parto acontecesse sem maiores problemas. O tradicional conhecimento elas receberam de antepassados. Dona Ana disse que herdou da sua avó Maria Antonia, pelas mãos da qual foi acolhida ao vir à luz. Além de fazer o parto de mais de mil crianças, dona Ana da Conceição teve a graça de parir 11 filhos que lhes deram 32 netos e 8 bisnetos. Um dos seus filhos é o vereador Odair José Santana(Daí), o qual se sente muito honrado por tê-la como genitora. Dona Ana reconhece que o maior medo de uma parteira está na possível perda do bebê ou morte da mãe. Sabedora de suas limitações ela recomendava o encaminhamento urgente para um médico quando a situação estava além das suas possibilidades. Partos difíceis foram feitos pelas habilidosas mãos de dona Ana. Crianças sentadas, atravessadas, desafiaram a sua competência. “No final das contas tudo dava certo”, recorda. A sensibilidade e sabedoria de uma parteira muitas vezes supera o conhecimento de certos médicos. Um desses casos aconteceu quando dona Ana se encontrava internada, para tratamento de uma enfermidade, na Fundação Hospitalar de Ipiaú. Lá ela tomou conhecimento de que uma parturiente estava em situação difícil e o médico demorava de atende-la. A velha parteira não pensou duas vezes, levantou do seu leito e foi em socorro da paciente. A criança nasceu saudável, mas o médico ficou zangado com a providencial intervenção. Sabendo da importância das parteiras tradicionais e que os seus trabalhos deveriam receber o apoio de gestores e profissionais da saúde, o vereador JÔ da AABB, simbolizou seu reconhecimento a todas elas, homenageando dona Ana com uma das honrarias do Poder Legislativo local e ressaltando os relevantes serviços que ela prestou ao município de Ipiaú (Giro/José Américo Castro).
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